A leitura de imagens faz parte de uma rotina diária presente na nossa sociedade, por isso é importante que as pessoas desenvolvam a capacidade de interpretar aquilo que vê. Obviamente, nem todo mundo possui esse 'dom'! Uma boa leitura de imagens depende da nossa percepção sobre elas. Nesse sentido, as imagens passam a ganhar significados diferentes a depender da pessoa que esteja analisando. Elas podem ser classificadas como simbólicas (quando representa o divino), epistêmicas (quando informa sobre o mundo e a sociedade que estamos inseridos) e estéticas (quando apela ao belo, dita um padrão).
Essa interpretação pode se apresentar em três níveis:
1. Instintivo: Percepção motivada pelos elementos emotivos, sendo a primeira impressão do cérebro.
2. Descritivo: Depende de uma captação das primeiras informações em que as imagens estão intrinsecamente relacionadas à descrição dos ambientes ou personagens presentes nela.
3. Simbólico: Relacionada aos mecanismos de conhecimento ao que se tange a nossa parte racional. Fase de codificação da mensagem.
A imagem na história...
A palavra “imagem” vem do latim imago e corresponde à ideia de semelhança, que por sua vez, teve origem no grego mimeses (imitação) (CAMARGO, 2007). As imagens cumpriram um papel singular em cada época histórica da vida humana. O homem sempre buscou produzir imagens como forma de expressar os diversos aspectos do seu cotidiano e da sociedade na qual esteve inserido. Essa produção de imagens esteve associada à arte através do desenho, da pintura, da escultura e da arquitetura.
Uma das primeiras formas de comunicação do indivíduo se deu através das pinturas e desenhos feitos nas cavernas. Sim, na pré-história por meio das artes rupestres, ele retratava o seu cotidiano através da escrita imagética para memoração das gerações futuras como forma de expressar sua cultura e suas relações sociais, através da arte em rocha mostravam como se apropriavam da caça para sobreviver, das ferramentas e instrumentos que utilizavam, dos animais pertencentes na região, nos perigos que aquele habitat representava entre outras situações. Mãos assinavam tais artes como forma de identificação de vida neste primeiro contexto pré-histórico.
O Renascentismo por sua vez buscava um "renascer" da cultura da Antiguidade Clássica greco-romana buscando romper definitivamente com a visão de mundo religiosa e supersticiosa da Idade Média. O homem passa a ser o centro. As imagens desse período produzem movimento, detalhamentos, perspectivas (profundidade), variedade de cores, representação nas telas das classes sociais retratando a individualidade e uma visão até mesmo crítica do homem.
Mona Lisa, pintura de Leonardo da Vinci.
Nas artes impressionistas, Idade moderna, o homem buscou representar além do seu cotidiano. As paisagens retornam para o centro das telas colocando em evidência a emergência da psiquê humana numa mistura das cores, movimentos, mudança nas técnicas de pintura, das cores e etc. A tendência da imagem retrata a visão ou impressão do artista sobre o real, imprimindo sua identidade e mostrando toda complexidade existente no homem e na sociedade.
As fotografias chegam com um forte encantamento, o homem passa a expressar através da lente o que vê, ou seja, com toda sua objetividade e subjetividade retrata através do melhor ângulo, luz e identidade uma imagem que pode haver diversas leituras. Trago um exemplo de um fotógrafo chamado Sebastião Salgado que através da produção de suas fotos tinha a intenção de mostrar o que estava acontecendo com as pessoas em diversas partes do mundo cujas imagens fotográficas mostravam a realidade da guerra, pobreza, fome, miséria entre outras injustiças sociais.
Na imagem televisiva, a imagem começa a ganhar forma e deixa de ser 'estática', consiste em um sistema eletrônico de reprodução de imagens e som de forma instantânea. Funciona a partir da análise e conversão da luz e do som em ondas eletromagnéticas e de sua reconversão. Entretanto, diferente da leitura que exige um esforço de atenção concentrada enorme, a televisão entra no ambiente doméstico num contexto difuso.
Eu não poderia finalizar esse texto sem falar da arte digital. Aqui as imagens começam a ganhar transformações, a forma de produzí-las ganhou mais possibilidades do que na esfera analógica. Como assim?
Com o surgimento das novas tecnologias de obtenção de imagens, principalmente a partir da fotografia, cinema, televisão, publicidade e hoje com a internet, o que se vê é um novo conceito de produção e distribuição do conhecimento, que se dá, cada vez mais pelo uso da imagem. Atualmente as imagens não são mais manipuladas exclusivamente por artistas, mas desempenham funções sociais. “Assim, distancia-se das obras de arte, dos museus e do cinema para focalizar sua atenção na experiência cotidiana” (Sardelich, 2006,p.462)
No contexto tecnológico, a imagem se desprende do real, por exemplo, a fotografia quando digitalizada se converte a um pixel, uma menor partícula que pode ser manipulada de inúmeras maneiras que no contexto analógico seria impossível. Passa a haver um desprendimento do real, ganha liberdade que na sua trajetória histórica não havia conseguido. Daí surge o conceito de simulação (representação do real como verdadeiramente é) e simulacro (modificação do real) geralmente é utilizado como manipulação distorcendo a realidade.
Enfim, a imagem possui uma característica que se chama intencionalidade, serviu de memória da comunidade, comunicação, expressão do cotidiano, demarcação de território, representação do contexto que se torna um material educativo que até hoje nos orienta a entender as mais diversas histórias sobre nós mesmxs, nosso país, estado, cidade e até mesmo o mundo. A imagem produz conhecimento e isto é poder para que não sejamos enganados.
Parabéns Juliane pela discussão que trouxe, aprofundando o que discutimos em aula, a partir de outras referências. É isso, necessitamos ir sempre buscar mais, para complementarmos o que nos chega, ampliarmos os horizontes.
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