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Trago uma experiência bastante interessante sobre uma defesa de dissertação que presenciei: "O seu olhar melhora o meu: a percepção dos Centros Juvenis de Ciência e Cultura por seus estudantes", de autoria de Iuri Rubim, que ocorreu no auditório I da Faculdade de Educação da UFBA.
Basicamente, os Centros Juvenis de Ciência e Cultura – CJCC consistem numa iniciativa de educação integral idealizada pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia. Esses centros são escolas que funcionam nos três turnos da semana, incluindo os sábados de forma a garantir uma nova abordagem do ensino-aprendizagem que desafiem os alunos. O público-alvo prioritário desses centros são os estudantes do ensino médio das escolas públicas da rede estadual de ensino.
Tal iniciativa tem como objetivo fomentar à juventude baiana uma educação interdisciplinar ligada a contemporaneidade que evidencia uma grande diversidade de atividades culturais, desde o acesso ao conhecimento científico até a participação de curso e oficinas, ajudando essa juventude a criar uma nova relação com o ato de aprender para além da sala de aula aumentando até a permanência dos mesmo no espaço escolar.
Vi exemplos durante a apreciação da dissertação em que nas falas dos sujeitos são externadas a experiência nos Centros como considerada útil para o aprendizado dentro do ambiente escolar, isso reforça ainda mais tal interdisciplinaridade e, principalmente, a sua ligação com o contexto real que eles estão inseridos dentro do seu cotidiano.
O interessante é que não existem atividades 'obrigatórias' e a participação ocorre por adesão do aluno, ou seja, não há provas de conhecimento ou coisas similares. No entanto, há uma cobrança pela participação ativa dos estudantes que envolve um compromisso político também. Se considerarmos o nosso contexto na Instituição de Ensino Superior - IES, podemos fazer uma analogia à ideia de extensão universitária. As atividades são nada convencionais: cursos e oficinas (geralmente oferecidas pelas universidades), exibição de filmes, grafite, fotografia, arte e etc. Trabalham com o lúdico, um viés mais divertido sobre o ato de aprender; tornando-o mais prazeroso e aguçando a criatividade do educando.
Os Centros Juvenis agregam muito mais cultura e conhecimento na vida desses educandos jovens que vai muito além dos 'muros' da escola e sala de aula tradicional. Um dos fatores negativos colocados em cheque durante a apresentação da dissertação foi a questão da distância dos centros juvenis em relação as residências, problema este que deve ser resolvido pelo Estado. Ele deve oferecer subsídios mínimos para que a implementação desses Centros sejam realmente efetivos. A ideia e iniciativa é interessante, porém acredito que o modelo de ensino vigente não pode ser descartado.
Nesse contexto, a educação é uma prática social que se concretiza através da relação pedagógica entre os sujeitos que a realizam e o comprometimento político que lhes é inerente. O legal disso tudo é que é possível transformar a sociedade por meio da educação, mas a mesma depende de outros vetores (governo, família, a própria sociedade e afins). Não podemos cair no utopismo pedagógico achando que a educação por si só salvará o mundo!
A prática pedagógica precisa ser vista a partir de uma perspectiva que dê conta de pensar o indivíduo na sua totalidade e na sua singularidade e eu penso que os Centros consistem nisso... Ali há uma pedagogia afetiva que é importante para se entender o outro e o espaço que ele acredita está. Até porque cada um vive imerso num universo que acredita que esteja, seja ele bom ou ruim, ideal ou não...
REFERÊNCIAS
Centros Juvenis de Ciência e Cultura. Documento - Base_PDF
O interessante desses espaços é justamente a possibilidade de construção e experimentação de outros formatos, de outros currículos, de fugir dos padrões rígidos instituídos e valorizar as demandas, os desejos, as necessidades, priorizando a liberdade da aprendizagem.
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